Bem, este dia 2 estreou no Brasil o filme adaptado da famosa franquia de jogos Warcraft, que vem criando bastante discussão desde a produção. Eu assisti o filme sexta-feira e venho aqui agora dar minha opinião, tanto a parte imparcial como a parte de fã, sobre o filme.
Um Filme decente contra uma Expectativa gigantesca.
Dispensando muitas apresentações, já que venho falado deste filme já tem um tempo no blog, Warcraft chegou com a promessa de trazer uma nova chance às adaptações de jogos, apresentando o mundo ao conflito de Orcs e Humanos no mundo fantástico de Azeroth. Infelizmente, talvez esse objetivo não seja alcançado, pois, o filme peca em vários pontos e fica muito difícil de aproveitar se você já não é previamente fã da franquia.
Um dos maiores problemas provavelmente é a própria expectativa e até a falta de comparativos. O filme em si é bem decente, mesmo com seus erros, mas, ele não é o suficiente para fazer com que os jogos sejam a nova grande onda de adaptações como os quadrinhos foram. A crítica mesmo parece fazer reclamações sem muita base, isso por que não há outros filmes semelhantes no momento para comparar, o mais próximo que conseguem citar é O Senhor dos Anéis, que mantém uma temática relativamente próxima, mas, convenhamos, nunca haverá outro O Senhor dos Anéis, é uma comparação injusta.
Apesar de não ser o divisor de águas esperado, o filme é muito agradável aqueles que tem um conhecimento prévio do mundo abordado, especialmente por que essas pessoas podem acompanhar o ritmo do filme com menos incômodos além de saberem as respostas para algumas coisas que ficaram indevidamente abertas.
Muito Esforço e Trabalho duro.
Assim como esperado de qualquer trabalho vindo da Blizzard, Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos (Maldito subtítulo enorme) é feito de fãs para fã, e tem um trabalho de CGI magnífico. As alterações feitas na trama original do jogo são poucas, e, algumas delas simplesmente servem pra corrigir erros de concordâncias entre o primeiro jogo e a história descrita nos outros da franquia (como por exemplo a existência dos Draenei, que no primeiro jogo não estavam presentes, mas, com o desenvolvimento da história nos outros jogos fica óbvio que eles deveriam estar.), embora, dois pontos especificamente tenham me desagradado: O fato de Orgrim não ser quem derrota Blackhand, e o final do filme, que não fica exatamente como o final do jogo original, na verdade, fica uma mistura entre o final e o primeiro ataque feito pela Horda.
Sabemos que a Blizzard sempre esteve à frente em relação às suas animações de CGI em jogos e, embora não estejam cuidado diretamente no filme, foram procurados os melhores dos melhores para isso, e o resultado foi mais do que satisfatório. As magias e ambientações (que, apesar de algumas terem sido montadas realmente, elas receberam todas retoques digitais) são incríveis, mas, o que mais surpreende mesmo são as raças fantásticas. Tanto os Orcs, que tem enorme destaque na trama, quanto os Anões e Draeneis que aparecem brevemente, tem um acabamento perfeito e bem realista (fora o fato de obviamente serem fantásticos né), também temos destaque pros animais como os enormes lobos e os grifos que, apesar de ainda mais fantasiosos e chamativos, conseguem se mesclar bem com o ambiente e passar um ar bem natural. A única decepção em relação a isso foram os elfos (acho que aparecem 3 ou 4 brevemente numa cena), a forma como seus olhos brilha não ficou tão natural quanto no jogo (e olha que já não é muito natural).
Sobre o ambiente, o nível de fidelidade e detalhismo encontrado em todas as ambientações é incrível. Todas as paisagens são muito fantásticas, a quantidade de cenas com pequenos easter eggs é enorme, e até mesmo temos momentos em que, durante transições de cena, você jura estar vendo acontecimentos como na tela dos antigos RTSs que iniciaram a franquia (sério, só faltava dar pra ouvir "Work done!" "Ready to work!" e semelhantes). As armas e armaduras podem não ter seus equivalentes nos jogos, mas retratam bem o estilo destes.
Onde o Filme errou:
Velocidade
Logo de cara, o filme nos fala do que ele vai tratar, do primeiro encontro entre Orcs e Humanos, a origem do que parece ser uma guerra longa, já que o narrador fala de um futuro. A partir daí, somos apresentados à raça dos Orcs e seu planeta Draenor, e em menos de 10 minutos temos que ver toda a trama de desenvolvimento deles, ver como são organizados em clãs, quem manda neles (no caso Gul'dan), o fato de estarem fugindo do planeta por que acabaram os recursos destes, o fato de Draka, esposa de Durotan, estar grávida e ...bem, muita coisa, tudo isso e ainda por cima eles já saem do planeta e começa o conflito com os humanos. São cenas corridas, muita informação que, se você já não conhecesse previamente, tornam o filme um pouco difícil de aproveitar. Isso tudo era meio óbvio, Warcraft tem um universo muito complexo pra ser introduzido tão rapidamente.
O ritmo de informações do filme é enorme no começo e gradualmente vai diminuindo, no terço final do filme tudo já está num ritmo agradável, pois é mais focado no momento atual e especialmente nas lutas, mas definitivamente o começo atrapalha bastante.
Atuação e Coreografia
Especialmente falando do núcleo humano do filme, as atuações no geral são patéticas, especialmente a de Dominic Cooper como Rei Llane Wrynn, cada cena dele dá vontade de vomitar de tão patético que ele parece. Como já dito por muitos, Travis FImmel parece apenas estar refazendo seu papel de Ragnar ao interpretar Anduin Lothar, estando APENAS num nível de atuação aceitável para uma série e não um grande filme, apesar disso, ele é um dos poucos que parece saber manejar uma espada, o que lhe garante umas cenas bem bacanas onde tem destaque, o que nos leva a outro ponto: Se você acha as lutas de Star Wars mal coreografadas, espere até ver Warcraft, aqueles humanos definitivamente não sabem o que estão fazendo (em compensação, os Orcs tem sim uns movimentos bem interessantes e brutais, engraçado ver isso de atores digitalizados e não dos verdadeiros).
Mas não só de humanos vem a atuação ruim, Paula Patton no papel de Garona Halforcen tenta desnecessariamente parecer sexy em quase todas as cenas, sinceramente, ela não me convenção, fora o visual dela não estar muito semelhante à original.
A salvação do filme em relação a atuação está com Ben Foster como Medivh, sabendo demonstrar o ar de mistério e a bipolaridade do personagem, que salva o lado humano do elenco, e também com os orcs, especialmente Durotan, interpretado por Toby Kebbell, que é a alma do filme, sendo o personagem mais carismático e bem desenvolvido de toda a trama.
Falta de explicações
Uma coisa é deixar certas tramas abertas, isso ocorre no próprio jogo original Warcraft: Orcs & Humans, que é a base pro filme, mas o problema foi que certos pontos simplesmente não foram explicados.
Em nenhum momento é explicado qual o segredo revelado a Khadgar (Hadgar na versão brasileira, e o pior é que essa tradução é do jogo mesmo, não sei por que), mesmo sendo um ponto de virada na trama, nem quem é que revela isso. Nada é explicado também sobre a origem da corrupção de Medivh. E o que são exatamente os Magos de Kirin Tor? Não fica explicito mesmo se foi formada a Aliança no fim. E o que exatamente são os Draeneis, que na verdade nem tem seu nome mencionado mesmo aparecendo?
Além das citadas, várias outras questões ficam abertas, são coisas além da trama, algumas podem ter sido escolhidas deixar sem resposta por que seria algo muito longo, mas tem outras que não tem perdão mesmo não. Obviamente, se você já jogou os jogos, a resposta pra maioria das perguntas é óbvia.
A Salvação por Mãos Verdes e Marrons
Como dito já antes, os Orcs tem o melhor protagonista, incluindo a melhor atuação, melhor desenvolvimento de personagem, tem as melhores cenas de lutas, incluíndo um duelo brutal entre Gul'dan e Durotan (que provavelmente é o ápice de empolgação do filme, clímax que é quebrado com o final), enfim, os orcs roubaram a cena nesse filme.
Sinceramente, antes do filme lançar eu tinha medo que eles tendessem a retratar os humanos como protagonistas, mas o que aconteceu foi basicamente o contrário. As tramas internas dos Orcs são facilmente a melhor parte do filme. Na verdade, atualmente, estou dando de maneira imparcial uma nota 7 para o filme, mas, se o filme fosse só focado na parte dos Orcs, receberia facilmente no mínimo nota 8.
Enquanto os humanos ficaram com a chata trama de defender seu reino, com as mini-tramas de Lothar com Garona e Lothar com seu filho, os Orcs tiveram tempo para desenvolver todos seus problemas, de todos os tamanhos, seja como a Horda completa, tentando invadir Azeroth sob comando de Gul'dan e Blackhand, como dentro do pequeno clã liderado por Durotan, os Lobos de Gelo, que querem se opor a Gul'dan e sua magia perversa, e até o núcleo familiar de Durotan, recém pai que tem seu filho salvo por Gul'dan e depois de uma traição a seu clã, abandonado para se salvar.
Definitivamente, é uma felicidade como fã da Horda ficar vendo a origem de Go'el, futuramente Thrall, e a luta de seu pai para libertar a Horda da vileza (Fell, por que diabos essa tradução horrível?).
Considerações finais
O filme não é o que a crítica ou até o público geral esperava, pode ser um momento divertido no cinema se você se empenhar um pouco a entender as coisas (mas não se sinta obrigado, sério), mas definitivamente não é algo pra prender a nova geração como tem sido com os filmes de superheróis.
Se você é fã mesmo, já conhece a franquia desde os seus primórdios ou ao menos se liga nas quests e no lore do World of Warcraft, difícil não amar. Vá lá se deleitar com essa obra que foi feita especialmente pela Blizzard pra você.
Nota como fã: 9,5/10
Nota imparcial: 7/10
(Nota se fosse só os orcs: 8/10)
De qualquer forma, sempre vale a pena conferir por conta própria, galera, não se guiem só por críticos chatos, nem mesmo pro críticos não-chatos como eu.
Até a próxima, galera!
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