domingo, 12 de junho de 2016

[HQ/Review] The Sandman : A Fantasia de Gaiman Revolucionando os Quadrinhos

 Hoje venho apresentar vocês ao maravilhoso universo de The Sandman.

Eu poderia estar fazendo uma postagem acerca do Dia dos Namorados, até cogitei, mas definitivamente não faz meu estilo fazer uma dessas postagenzinhas romântico-nerds que tem por aí, e já tem um bom tempo que quero falar sobre essa grande obra que se tornou um grande marco no mundo das HQs.

Devo dizer que, em parte, a demora a postar sobre isso se deve ao fato de não me considerar tão digno de falar de uma obra tão incrível, mas, enfim, uma hora ou outra iria ter que falar. Já aviso logo, me desculpem pelo tamanho do post e por, se por acaso esqueci de mencionar algo que acharam necessário, é simplesmente muita coisa.



O Início de um Mundo de Sonhos.

Em Janeiro de 1989 iniciou-se uma longa jornada de 75 capítulos, no selo Vertigo da DC Comics, do que viria a ser provavelmente a obra mais marcante do escritor inglês Neil Gaiman, embora naquela época ele nem fizesse ideia das proporções que isso iria tomar, nem imaginando o tamanho da obra nem a extensão da sua fama.

A ideia inicial era a reestruturação de um título antigo do personagem chamado de Sandman (pertencente à Sociedade da Justiça da América), mas todas as ideias se misturaram e saíram bastante do ponto original, mas não abandonando-o totalmente, já que o personagem ainda existe, mas como protagonista agora se tinha um novo Sandman, que seria o verdadeiro detentor do título e criaria uma mitologia extensa sobre este. Além disso, a história começa com um arco bem curto e, devido ao sucesso se estende, mas, era inesperado, o próprio Gaiman se questiona sobre a continuação do arco inicial e acaba partindo para um caminho que abre os horizontes para algo novo e nunca antes visto nas HQs.

Com o desenvolvimento de arcos bem distintos (mas que incrivelmente acabam se atando de maneira inesperada ao fim), veio o fato de que Gaiman foi acompanhado por artistas diferentes em cada um destes arcos. Isso traz, em sua maior parte, ótimos resultados, as capas e o traço geral de The Sandman até hoje é marcante, embora em uns raros casos isso decepcione um pouco (o melhor arco tem o pior traço.). Entre esses artistas temos: Sam Kieth, Mike Dringenberg, Jill Thompson, Shaun McManus, Mark Hempel e Michael Zulli. As capas, no entanto, são todas magníficas e feitas por Dave McKean.



Uma Visão Básica sobre a História.

The Sandman trata da história de Sonho (Sandman, Oneiros, Morfeus...entre muitos outros de seus nomes), um dos Perpétuos, entidades em número de 7 que são aspectos universais (Eles SÃO, eles não apenas controlam ou representam, é algo mais profundo) , estes sendo Sonho (Devaneios), Morte (Desencarnação), Destino, Destruição, Desejo, Delírio (inicialmente Deleite) e Desespero, todos estes sendo muito mais poderosos e importantes para o universo do que deuses,existindo desde o começo de tudo (Destino), e existirão até o fim (Morte sendo a última a sair do universo).

Você pode logo ver pela descrição que a história é a cara de Neil Gaiman, é algo fantástico e mitológico, mas vai ainda além disso, alguns pontos particulares o fazem ser especial entre as obras de Gaiman.

Inicialmente, a trama era simples, Sonho foi invocado (um erro, pois queriam a Morte) e aprisionado pelos humanos  tendo seus 3 artefatos ( Elmo, Algibeira e Rubi) roubados e ficando bem fraco. Mantendo Sonho longe do seu reino, O Sonhar, e seus afazeres, o mundo começa a entrar em estado de caos, pessoas tendo terríveis pesadelos diariamente, alguns dormindo eternamente enquanto outros não conseguem mais pregar os olhos e acabam enlouquecendo. Enquanto isso, como como Sonho é um Perpétuo, título que deixa bem claro que ele não morre, ele simplesmente espera a oportunidade certa, que demorar muitos anos e consegue não só se libertar como se vingar pondo seu captor num estado de eterno despertar, onde a pessoa fica eternamente tendo terríveis pesadelos apenas para acordar e estar em outro pesadelo ( Morfeus é um pouquinho vingativo e até infantil.)

Tendo escapado de sua prisão, o rei dos sonhos vai procurar por seus artefatos e, olha que legal, é nessa hora que você nota uma característica muito interessante, The Sandman é canônico no universo DC, ou ao menos era, sei lá depois de todas essas budegas que acontecerem desde a década de 90 pra cá, hoje em dia até Watchmen é canônico. Enfim, em suas três buscas vemos  a interação de sandman com o universo DC, inicialmente buscando sua algibeira com a ajuda de Constantine, depois indo ao inferno (recebido por Etrigan na entrada) e recuperando seu Elmo (feito do crânio de um deus morto) que estava na posse do demônio Chorozon e, por fim, ele localiza seu rubi com ajuda da Liga da Justiça (o Caçador de Marte o venera como um deus) e consegue seu poder de volta (embora o Rubi se quebre no processo)  depois de vencer(?) Doutor Destino.

Esse começo já pode ser considerado bastante fantástico e incrível, mas, não passa de uma saga normal de um personagem enfrentando uma dificuldade. A verdadeira face de The Sandman surge na sua continuação, quando nós começamos ver toda a mitologia dos Perpétuos, nós vemos que, apesar de estarem no universo DC, isso não faz muita diferença, por que eles estão muito além dos problemas mundanos, ou até universais que os heróis passam. O maior problema encontrado por Sonho (mais de uma vez) são os Vórtices dos Sonhos, uma pessoa que se torna o centro de todos os sonhos e pode acabar destruindo todo o reino do Sonhar, com os quais ele tem que lidar pessoalmente. Também temos ele reconstruindo seu reino depois de muitos anos fora,  ajudando na busca por seu irmão perdido, Destruição, e  tomando conta da chave do inferno (caso que  acaba gerando um spin-off chamado Lucifer, pois este  deu a chave do inferno para Sonho e então foi pra terra ser pianista no seu bar chamado Lux)  e isso fora muitas outras histórias menores, nem sempre lineares, onde é mostrado a interação de Sonho com seus irmãos Perpétuos ou com figuras históricas no mundo, dando um destaque para os capítulos em que ele encontra e inspira Shakespeare em troca de duas peças (sendo a primeira Sonho de uma noite de verão e a última A tempestade).


Características Marcantes.

The Sandman é uma obra única, abordando a fantasia de uma maneira nova (ao menos na época), e ainda assim guardando muitos conceitos antigos desta (Por que Neil Gaiman é um amorzinho que adora manter a verdadeira essência da magia ♥). É uma obra moderna sem precisar se manter num tom sombrio ou sério demais e, até quando entra nesses tons, consegue sempre mostrar valores como amor e esperança, especialmente este último, que tem importância enorme na trama várias vezes.

Com toda uma temática fantástica e lidando com seres tão poderosos, poderia se esperar que batalhas fossem algo frequente, mas a verdade é que não são. Sonho, assim como os outros Perpétuos, tem poderes incríveis, mas ele se limita a ficar cumprindo seu trabalho, ele, depois de Destino, é provavelmente o mais sério em relação a isso, assim, mesmo com muita raiva como acaba ficando algumas vezes, não o temos brigando normalmente.

Falando em como Sonho é, The Sandman tem personagens com características bem marcantes, e, especialmente entre os perpétuos, isso é refletido até em como se vestem e como seus balões e suas falas são feitas. Delírio, totalmente instável e emocional tem balões coloridos variando dependendo de seu humor instantâneo, já os balões de fala de Sonho são negros, refletindo sua seriedade e até um tanto de tristeza, já que Sonho se tornou bem reflexivo depois dos eventos do primeiro arco.

De personagens marcantes, tenho que destacar os dois irmão de Sonho que mais tem importância na trama: Morte e Destruição. Morte é chamada de a Irmã mais velha e, ironicamente, é uma amante da vida, isso ocorre por que de tempos em tempos ela passa um dia como mortal para aprender o valor da vida e cumprir melhor seu trabalho. Ela está sempre feliz e viva. Pronta para acalmar aqueles que morreram enquanto os leva às terras sem sol, ou simplesmente interagir com os vivos, e até impedir suicidas de se matarem. Destruição também é uma pessoa bem humorada, embora bem menos elétrico que a Morte, ele  decidiu que seu trabalho não tem sentido, mesmo quando abandonou isso a destruição continuou acontecendo naturalmente, então ele decidiu se dedicar a viver bem e aproveitar as coisas simples da vida, ele tem um carinho especial e recíproco por sua irmã Delírio.

The Sandman é uma obra com muitas cores normalmente, e, em certos momentos, com enquadramentos especiais que melhoram ainda mais a expressão e o visual incrível que a HQ já tem.


Destaque Especial para a Narrativa e Desenvolvimento.

The Sandman não é uma história comum, a visão de mundo que Sonho tem é o que faz tudo funcionar, cada arco tem uma interação diferente com o rei dos sonhos, temos muitos personagens sejam humanos ou deuses, entidades  ou alienígenas ou até seres fantásticos.

Parece que em pouco tempo, Morpheus acaba tendo muitas experiências diferentes, e, especialmente, acaba aprendendo a lidar com seus sentimentos, The Sandman é uma história de escolhas que Sonho faz, escolhas que alguém muito poderoso, mas regrado e orgulho faz, e tudo isso começa de maneira bem separada, mas tudo se combina de uma maneira brusca, mas funcional nos últimos arcos.

Nem sempre o próprio Sonho acaba sendo o protagonista do arco, mas tudo está ligado a ele, especialmente as consequências de lidar com os Vórtices dos Sonhos, temos muitos personagens diferentes sendo desenvolvido e no fim interagindo como um todo.

O próprio Sandman original aparece e é explicado por que ele se autoproclama Sandman, mesmo este sendo título de Sonho, todas as pontas soltas tentam ser amarradas.

Muitos personagens foram tão bem desenvolvidos que ganharam spin-offs ou simplesmente importância geral no universo original, dando destaque a Lúcifer, que definiu (com base na imagem de David Bowie) como este seria conhecido futuramente no universo DC, e principalmente na sua revista solo, os Perpétuos, em especial Morte e Delírio que se tornaram muito populares e ganharam seus spin-offs.

Além disso, acima de tudo, como já disse mil vezes, mas não canso, The Sandman tem uma essência fantástica clássica, temos muitos momentos com frases especialmente motivacionais, mesmo não havendo especificamente um heróis na história, temos sempre a ideia de que o bem está vencendo ou vai vencer.


Considerações Finais

Em toda minha vida, tive 3 obras que me arrependi de demorar a começar, foram estas Mass Effect, Breaking Bad e The Sandman, cada um sendo uma das melhores coisas que já vi em seus tipos de mídia. The Sandman, especificamente, está com certeza no meu Top 1 de HQs.

Seja pelas coisas que você leu nesta postagem ou pelo simples fato da obra ser uma clássico, The Sandman merece que você leia. Dê uma chance, aproveite e se deixe levar pela fantasia, é algo que hoje em dia está em escassez.



Deixo aqui o link da série original para download em PDF (demoraria séculos se fosse catar todos os spin offs pela internet) , por que não é qualquer um que consegue pagar pelos preços absurdos que tem. (Embora se eu pudesse pagaria sem pensar duas vezes).

Link de download: https://mega.nz/#!Igkg1AJb!BqQ4Qwkr4mpJvzXInwDNYlxtcEplAEUJlvasCTpTwIw

Até a próxima!


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